sábado, 1 de abril de 2017

BOA NOITE


A GATINHA BRANCA













Fazia muito tempo que a gatinha branca não visitava a casa de Marília.
Ela vinha devagarinho, sorrateira, esgueirando-se mansamente; entrava para a cozinha e ninguém via.
Aí, parava próximo à geladeira porque sabia que Marília logo vinha abrir para pegar a caixa de leite que era despejada no pratinho azul.
No sábado passado, ela voltou.
Tinha uma pata amarradinha; concluiu Marília que ela havia se ferido.
- Quem lhe amarrou assim, gatinha?
Fez menção de tocar nela, mas ela esquivou-se.
- Tome um pouquinho de leite, gatinha.
Ela não quis beber nada. Parecia apressada. De repente, correu para a rua.
Marília resolveu segui-la para ver onde morava.
Não era longe; a gatinha entrou meio furtiva no jardim de um casarão velho e triste a dois quarteirões da casa da menina e sumiu por entre as folhagens. 
Marília foi atrás mas já arrependida por ter entrado no feio casarão. Então, deu meia volta, mas parou assustada e feliz: pelo menos quatro gatinhos brancos miavam ao lado da gatinha amiga de Marília.
Foi quando surgiu na porta da casa um menino sentado em uma cadeira de rodas que sorria para os gatinhos trazendo-lhes comida.
Marília foi embora sem que o menino a visse.
Entendera o recado da gatinha quando ela voltou e não quis tomar do seu leite, mas a prova de amizade entre as duas era sincera e fora selada para sempre.