quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O MENINO QUE AMAVA OS PASSARINHOS



Porque era pequeno e doentinho, a mãe lhe deu o nome de Roy. Roy do pezinho torto.
Roy da orelha quebrada.
Roy que não escutava nada.
Roy que amava os passarinhos.
Tão logo lhe deram uma bota, ele saía para a rua atrás dos amigos passarinhos, levando uma sacola com pedacinhos de pão.
Os passarinhos já conheciam a rotina do menino e apareciam por ali felizes para comer da ração trazida por ele.
Da mão dele.
Rua deserta onde não passava carro algum, então a mãe permitia e Roy não desobedecia nenhuma das recomendações dadas por ela.
Roy fraco e doentinho.
Roy menino querendo voar com os passarinhos.
No sábado, não deu para Roy sair passear; choveu muito. Domingo veio pleno de sol e Roy estava melhorzinho, respirava até bem, pulmão fraco, mas feliz.
- Volte logo, Roy, porque hoje vamos ter que ir à capela rezar para Santa Terezinha que está ajudando você a ficar bom.
- Tá, mãe!
E lá se foi o menino, sacolinha cheia de pão quebrado para dar aos seus amigos da floresta.
Mas o ar estava meio estranho naquela manhã.
Estranho porque não havia nenhum passarinho esperando por ele, um silêncio...
Tão pensativo o menino Roy, que acabou não vendo e caiu numa poça de água.
Zombeteiramente, de onde foi que surgiu aquilo?
Zás!
Um carro azul enorme levando um monstro dentro dele.
De onde aquilo?
Por que aquilo?
E Roy caído na poça.
Poça vermelha do sangue de Roy.
Roy que não viu mais os passarinhos.
Mãe que não conversou mais com Roy.
Como entender os caminhos que Deus traça para a gente?

De Luiza Válio.

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