quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

NARCISA É DIFERENTE DE MELISSA




Narcisa  nasceu bem moreninha, ao contrário da irmã Melissa, que é alva, mas tão alva que parece transparente.
As pessoas reparam nesse detalhe quando as veem juntas e é difícil explicar sem mostrar através de fotografias como foi possível tamanha diferença, sendo ambas nascidas da mesma mamãe.
Na verdade, o bisavô materno das meninas era pardo, quer dizer, era filho de mãe portuguesa casada com um africano.
Esse contraste é fenomenal.
Cada vez que os pais das meninas começam a relembrar dos seus antepassados acabam indo para a cozinha a fim de fazer alguma guloseima, como por exemplo, um delicioso arroz doce. 
As diferenças entre as pessoas não significam nada.
O que conta é o amor e o respeito.


sábado, 5 de setembro de 2015

LINDAS CANTIGAS


O MACACO DE RABO CORTADO


Era uma vez um macaco mariola, que andava de bata e sacola, como se fosse para a escola. Mas não ia. Era tudo a fingir.
Os rapazes, quando o viam passar, troçavam dele e gritavam:
- Macaco escondido com o rabo de fora… Macaco escondido com o rabo de fora…
Pois era. Realmente o rabo sobrava de bata e, muito comprido e retorcido, corria atrás do macaco para onde quer que e fosse.
Então o macaco entrou numa barbearia e pediu ao barbeiro que lhe cortasse o rabo. O barbeiro afiou a navalha e zaz! – rabo para um lado, macaco para o outro.
A operação deve ter doído, mas o macaco, que tinha tanto de vaidoso como de corajoso, não se importou. E de sacola e bata, muito empertigado, veio para a rua mostrar-se nos seus novos preparados.
Estavam uns homens à conversa, numa esquina. Quando o viram passar, um deles comentou:
- Macaco sem rabo é como um burro sem orelhas. Fica mais feio e fica mais minguado. Coitado!
O macaco ouviu-o, sentiu-se e correu ao barbeiro para lhe desenvolvesse o rabo. Talvez ainda pudesse ser cosido ou colado…
- Olha o macaco toleirão à procura do rabo. Que queria que eu lhe fizesse? Deitei-o fora e a camioneta do lixo levou-o – disse-lhe o barbeiro.
Aí o macaco zangou-se. E quando uma pessoa ou um macaco se zanga e perde a cabeça, faz disparates. Sem mais nem menos, agarrou numa das navalhas do barbeiro e disse:
- Nesse caso, levo-lhe a navalha com que me cortou o rabo. - E abalou.
Ia ele por uma rua, quando passou perto de uma peixeira.
- Que linda navalha traz o menino na mão - disse a peixeira.- Ó meu carinha de anjo não me quer dar a navalhita, para eu amanhar o meu peixe?
O macaco ficou todo derretido com as falas da peixeira e, já se vê, deu-lhe a navalha.
De mãos a abanar é que sabe bem passear…
Mas, passado tempo, veio-lhe a vontade de chamar outra vez sua à navalha e voltou atrás, à procura da peixeira.
- Olha o macaco paspalhão a perguntar pela navalha… Fique sabendo que não prestava para nada. Mal lhe peguei, para amanhar umas sardinhas, partiu-se – disse-lhe a peixeira.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Pegou numa canastra de sardinhas e abalou, dizendo:
- Nesse caso, levo-lhe as sardinhas com que me estragou a navalha.
Estava um padeiro à porta da padaria, quando o macaco passou com a canastra de sardinhas à cabeça.
- Psst, ó cavalheiro – chamou o homem, encostado á porta da padaria. – Um senhor tão distinto com sardinhas à cabeça não parece bem. Deixe-as cá ficar comigo, que tenho onde as guardar.
O macaco ficou sensibilizado com estas falas do padeiro, e, já se vê, deu-lhe as sardinhas.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear…
Mas, passado um tempo, veio-lhe a vontade de chamar outra vez suas às sardinhas e voltou atrás, à procura do padeiro.
- Olha o macaco trapalhão a perguntar pelas sardinhas… Comias em cima do pão e estavam bem gostosas, fique sabendo- disse-lhe o padeiro.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Pegou num saco de farinha e atirou-o para os ombros, dizendo:
- Nesse caso, levo-lhe um saco de farinha com que fabrica o pão para comer as sardinhas. - E fugiu.
Estava uma senhora professora à janela da escola, a ver quem passava, enquanto as alunas brincavam no recreio. Passou o macaco com o saco às costas.
- Como ele vai carregado, o pobrezinho – disse a professora.
O macaco ficou comovido com estas falas da professora e, já se vê, deu-lhe o saco de farinha.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear… Mas, passado tempo, veio-lhe a vontade de chamar outra vez seu ao saco de farinha e voltou atrás, à procura da professora.
- Olha o malcriadão do macaco a exigir o que ainda há bocado nos deu, sem que ninguém lhe pedisse. Da farinha amassámos bolos e as minhas meninas comeram-nos todos – disse a senhora professora.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Agarrou numa menina e fugiu com ela, dizendo:
- Nesse caso, levo-lhe uma menina que comeu os bolos da minha farinha.
Mas a menina, ao colo do macaco, não parava de chorar.
- Quero a minha mãe. Quero a minha mãe, dizia a menina.
O macaco condoeu-se e, já se vê, levou-a a casa da mãe, que lhe agradeceu muito o encargo. Até a menina, depois de se assoar e limpar os olhos, lhe fez uma festinha de amizade.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear…
Mas, passado tempo, começou a sentir saudades da menina e voltou atrás, a saber dela.
- Querem lá ver o maganão do macaco que não para de rondar-me a casa- disse-lhe a mãe da menina. – A minha filha está a ajudar-me a lavar a roupa, que eu estou a estender, e se ainda quer saber mais vou chamar o meu marido, que anda na horta, e já lhe trata da saúde.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Agarrou numa camisa que estava estendida e abalou com ela, dizendo:
- Nesse caso, levo-lhe uma camisa fina lavada pela menina.
Estava um velho violeiro a trabalhar à porta da oficina, quando o macaco por ele passou, a correr.
- Senhor camiseiro, ó senhor camiseiro, deixe-me ver a sua mercadoria – disse-lhe o violeiro.
O macaco passou e aproximou-se do velhote, que vestia uma camisa muito estafada e cosipada.
- Parece de bom pano – disse o violeiro. – Só tenho pena que a minha bolsa não chegue a semelhante luxo. Afinal uma vida de trabalho não dá direito a camisa fina.
O macaco ficou impressionado com as falas do velhote e, já se vê, deu-lhe a camisa.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear…
Mas, passado tempo, e como de costume, arrependeu-se e voltou atrás, á procura do violeiro.
- Olha o aldrabão do macaco que não me deixa em paz. A camisa não valia nem o trabalho de vesti-la. Era tão fina, que se rasgou toda, quando a pus. E se continua aí especado ainda lhe atiro com esta viola à cabeça – gritou-lhe o violeiro.
O macaco, isto ouvindo, arrancou a viola das mãos do velho e disse:
- Nesse caso, antes que a estrague na minha cabeça, levo-a eu inteira, que melhor me serve inteira do que partida.
E fugiu com a viola ao ombro.
- Agarra que é ladrão! – gritou o violeiro, correndo atrás dele.
O macaco trepou a uma árvore, saltou para uma varanda, subiu a um telhado e lá de cima espreitou cá para baixo.
Estava um grande ajuntamento na rua. Era o violeiro, o pai e a mãe da menina, a professora, o padeiro, a peixeira, o barbeiro e muita rapaziada. 
Todos apontavam para ele, cantando e troçando:

- Olha o macaco mariola
que de rabo fez navalha
da navalha fez sardinha
da sardinha fez farinha
da farinha fez menina
da menina fez camisa
da camisa fez viola
e agora deu à sola
e agora deu à sola.

O macaco no telhado repimpado pegou na viola e respondeu-lhes:

- Pois se agora dei à sola
Pois se agora vos fugi
É que a mim ninguém me enrola
E de mim ninguém se ri.
Timglintim, tinglintim.
Timglintim, timglintim.

Cá em baixo, continuava a surriada. Riam-se e cantavam para ele:

- Olha o macaco mariola,
estarola e gabarola
com pancada na cachola,
dá e tira, mata e esfola,
ora parte, ora cola,
ora mete para a sacola…
Dá a esmola, tira a esmola,
mariola, mariola
quem te meta na gaiola,
quem te meta na gaiola.

Mas o macaco no telhado respondia ao desafio:

- Não me metem na gaiola
que de mim ninguém se ri.
A tocar nesta viola,
tinglintim, tinglintim,
a dançar com castanholas
vou daqui para Madrid.
Sou macaco mariola
e rei do charivari,
porque a mim ninguém me enrola
e a tocar nesta viola
tinglintim, tinglintim
não tenham pena de mim.
Tinglintim, tinglintim
não tenham pena de mim,
tinglintim, tinglintim
não tenham pena de mim…
 
Foi-se embora o macaco…

Conto tradicional português de António Torrado | Adaptado por CPinto [psicopedagoga]

A VACA QUE PÔS UM OVO


 
Mimosa era uma vaca, que um belo dia começou a ficar muito triste e deprimida. As suas amigas galinhas começaram a notar que Mimosa andava tristonha, quietinha, diferente de todos os outros dias.
- O que aconteceu, Mimi? – Cacarejaram suas amigas.
- Aconteceu que eu não sei fazer nada de especial. – Disse a vaquinha.
- Especial?! Como assim? – Perguntaram curiosas as galinhas.
- Eu não sei andar de bicicleta como as outras vacas.
As galinhas olharam curiosas e abriram um pouquinho o bico. Elas não sabiam que as vacas andavam de bicicleta.
- Andam sim! – Respondeu Mimosa. – Só eu é que não sei andar.
E Mimosa continuou:
- Eu não sei plantar bananeiras como as outras vacas.
As galinhas olharam assustadíssimas e abriram todos os seus biquinhos. Elas não sabiam que as vacas podiam plantar bananeiras.
- Podem sim! – Respondeu Mimosa. E concluiu com um suspiro:
- Eu não sei fazer nada de especial mesmo…
Naquela noite, enquanto Mimosa dormia, as galinhas reuniram-se e cacarejaram baixinho. Elas tinham que encontrar uma solução para a amiga. Não queriam ver Mimosa tão triste pelos cantinhos da quinta. Cacareja que cacareja. Pensa que pensa. Até que uma delas teve uma ideia. Os rostos de todas as galinhas iluminaram-se, e foram dormir.
Na manhã seguinte, bem cedinho, quando Mimosa acordou, apanhou um susto:
- UM OVO! EU PUS UM OVO!
A bicharada inteira acudiu, assustada que estava com aquela gritaria.
Era verdade: no sítio onde Mimosa dormia estava em pé, direitinho, um lindo ovo malhado de branco com preto. Um ovo malhado igualzinho à Mimosa.
O dono da quinta ouviu a gritaria e saiu a correr. A mulher do dono da quinta chamou a rádio, a televisão, o jornal e anunciou a todos: uma vaca da sua quinta tinha posto um ovo!!!
Mimosa toda contente olhava para o ovo com o maior orgulho. As vacas da fazenda, desconfiadas do que tinha acontecido, cercaram Mimosa e disseram em coro:
- Mimi! Estamos muuuuuuuito desconfiaaaaaadas do que aconteceu!
- Ui! Desconfiadas por quê? – Perguntou Mimosa.
- Ora, Mimiiiii! As vacas não põem oooovos! Quem põe ovos são as galiiiiiiinhas!
Mimi ficou triste de novo. Seria verdade? Seria verdade que seu ovo malhadinho tinha sido uma armação das amigas galinhas?
- Não acredite, Mimi! Não fomos nós não! – Disseram as galinhas todas ofendidas com a acusação das outras vacas.
Mimi começou a ficar triste de novo…mas pensou que as galinhas podiam estar a dizer a verdade e resolveu, resolveu que iria chocar o ovo como as galinhas fazem.
Preparou um ninho fofinho e quentinho e sentou com todo o cuidado em cima do ovo malhado.
Sentou e esperou. Todos na fazenda ficaram curiosos. E todos esperaram.
Muito tempo se passou. Até que um dia, de repente, Mimosa ouviu um barulhinho estranho. CREC!!! CREC!!! E todos gritaram: Vai nascer !!!! Mimosa ficou olhando e viu que o ovinho estava rachando.
Mais alguns crecs depois, o ovo abriu. E de dentro dele saiu … uma bolinha de … penas!
- Viu só, Mimiiii! Foram as galiiiiinhas que o colocaram aí dentro!
Mimosa já ia ficar triste de novo, quando o pintainho olhou para todos à volta, virou a cabecinha na direção de Mimi e gritou em alto e bom som:
- MUUUUUUUUU!!!

Fábula de Andy Cutbill | Adaptado por CPinto [psicopedagoga] in Fábulas e Contos

O RIBEIRÃO DA SORTE

 Não, menino, não atire no passarinho a pedra que traz na mão. Ele respira, tem um coração que bate igualzinho ao seu e, como você, também gosta de levar a vida cantando e brincando.
Menino, guarde a pedra para jogar no ribeirão da sorte que existe no final desta estrada. 
Diz a lenda que um rei encantado caiu do cavalo e ali morreu afogado, perdendo um tesouro tão grande, mas tão grande, que daria para comprar uma cidade inteirinha igual aquela onde você mora.
Sabe como fazer?
Espere o sol refletir bem lá no centro do rio e então arremesse a pedra o mais alto que puder.
Se a pedra fizer barulho ao cair na água, é sinal de que você encontrou o tesouro do rei encantado.
Nesse momento, o mundo mudará de cor e todos os passarinhos cantarão para você.   
Texto de Luiza Válio.

domingo, 19 de julho de 2015

BOA NOITE!

 






A PATA VELHA E O PINTINHO CARIJÓ





Meus filhos, vou lhes contar uma história.
Existiu na vizinhança uma pata velha que se pôs a chocar cinco ovos dentro de um cesto a alguns centímetros do chão num grande galinheiro que existia na fazenda de uma rica família italiana.
Todos os dias ela ficava em cima deles para não deixá-los esfriar. 
Já não comia, não bebia, não tomava sol, não procurava os amigos para uma conversa, não dava mais nem risadas, a coitada.
Parecia que o mundo havia acabado para ela.
- Credo! - exclamavam as outras aves. Ou ela tem medo que uma raposa devore seus ovos ou então que um menino malvado apareça e jogue todos eles ao chão.
Os dias passavam devagar, mas um dia, finalmente, os ovos da pata velha começaram a quebrar-se naturalmente um a um  e ela de repente reaprendeu a falar e a sorrir alegremente.
- Viva, meus filhos! Que lindos vocês são!
Mas eis que de repente um ovo quebrou-se e apareceu uma avezinha diferente: era escura, tipo carijó, igualzinha a vocês, mas carijó. 
De fato era um pintinho como todos os outros pintinhos que havia aos montes no galinheiro dos italianos.
- Hei, este aqui não é meu filho, não pode ser meu filho, pois é um pintinho. Quem quer um pintinho aí?
- Eu quero, respondeu a galinhona Mojica, que nunca havia chocado um ovo e por isso nunca tivera um filhinho.
E o pintinho mudou-se para o ninho da galinhona Mojica e foi esquecido pela pata velha que só tinha olhos para os seus patinhos amarelinhos.
Os dias foram passando, uns de sol, outros de chuva.
Os patinhos da pata velha começaram a crescer, mas ao mesmo tempo foram ficando raquíticos e doentes e acabaram morrendo um a um.
O pintinho carijó, por sua vez, crescia lindo e talentoso, pois já batia as penas como frango grande, voando uns metros sem cair.
Quando o último patinho da pata velha morreu, esta caiu doente e nunca mais saiu do seu ninho.
Próximo dali, a galinhona Mojica também acabou adoecendo e morreu.
Quando a pata velha soube da desgraça, criou coragem para levantar-se e foi ter com o pintinho, agora lindo e gracioso:  
- Pintinho, agora somos nós dois sozinhos. Você não quer morar comigo?
- Não, dona pata, não quero não. Uma porque não estou sozinho; o galinheiro está cheio de aves de todos os portes e raças que se querem muito bem. Outra, porque não dá para servir de apoio a uma mãe que me chocou e jogou fora como um livro velho ou uma capa de chuva rasgada. Estou muito feliz assim como estou. Passe bem, dona pata!
E a pata velha recebeu com lágrimas nos olhos o desprezo do pintinho.
Restou a ela apenas um consolo: viveu por muitos anos e pode ver o casamento do pintinho e os ovos que a esposa dele chocou: era uma dúzia de lindos pintinhos multicoloridos.
História de Luiza Válio.

MONÓLOGO DA CEGONHA

Como pesa este menino!
Mas não posso derrubar.
A mamãe está aflita,
o papai desesperado
e a vovó segue rezando 
desde semana passada.

Que Santo Antonio me ajude
a carregar este troféu
que vale mais do que ouro,
que vale mais do que prata,
muito mais do que mirra,
muito mais do que cobre
ou qualquer outro elemento
que a natureza contém.

Poemeto de Luiza Válio.

POLACA TEM RAZÃO


- Que tal acharmos uma água bem gostosa pra gente se banhar, Neusa?

- Parece que não tem por aqui, Polaca...

- Tem, sim. Vamos procurar. Olha lá perto do cajueiro, Neusa.

- E se for apenas uma poça de chuva toda suja, Polaca?

- Não faz mal, Neusa. A gente se banha rapidinho e sai correndo para secar ao sol. Que tal?

- Mas o sol já foi embora, Polaca!

- Ih, é mesmo. Então, vamos pra casa e amanhã procuramos um açude de verdade pra nadar.

- Sim, vamos embora, Polaca.
 

ENFEITANDO A PÁGINA COM BICHINHOS LINDOS



sábado, 6 de junho de 2015

NININHA, NININHA



Nininha não sabe 
de quem gosta mais.
Só sabe que gosta e ponto final.
Que bom ser criança 
que nem a Nininha
vem sempre correndo pra dar um beijinho. 

Poeminha de Luiza Válio.

domingo, 24 de maio de 2015

"OS OVOS DA PASSARINHA"



Passarinha fez seu ninho
em cima daquela árvore
que ficava em meu quintal.
Pôs dois ovos pequeninos
que deixava bem guardados
qual tesouro em ouro e prata.

Um dia um tufão medonho
gargalhando de maldade
passou que nem um trem bala.
Derrubou casas e árvores
 e a casinha, coitadinha.
 se perdeu, sumiu do mapa.

Os anos foram passando
eu cresci e me mudei
pra bem longe do lugar.
Nas noites desperto e escuto
o chorar da passarinha
buscando os ovos queridos.

A vida dessa avezinha
é parecida com a minha,
solitário também sou.
Perdi pai, mãe, irmãozinho
e só me sinto feliz
quando ouço um passarinho.

Então, 
me animo de novo,
sou outra vez a criança
e estou no mesmo lugar...

Poesia de Luiza Válio.


UMA POESIA DE CASTRO ALVES

Já ouviu falar de Castro Alves?
Seu nome completo era 
Antônio Frederico de Castro Alves e nasceu na Bahia em 
1.847.
Ficou conhecido como o "Poeta dos Escravos", porque contava a vida dos negros e contestava a escravidão.
Mesmo sendo filho de um grande médico, acabou morrendo de tuberculose aos 24 anos.
Veja que linda esta poesia que ele nos deixou: 

"AS DUAS FLORES"

São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol.
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida
Na verde rama do amor!

domingo, 3 de maio de 2015

ELISINHA QUER SER PINTORA



- Elisinha, você já sabe ler?
- Não, passarinho, só vejo as figuras.
- São bonitas?
- São bonitas e coloridas. Quando eu crescer quero ser pintora. 
- Você vai poder me pintar também, Elisinha? Você vai mudar a cor das minhas peninhas? E das minhas asas?...
- Não, passarinho, não é assim que eu vou fazer. Vou pintar em quadros de madeira. Com pincel. Vou olhar as coisas ou imaginar, e depois vou desenhando e colorindo. Mas tenho muito o que aprender. Sou criança ainda! 
- Vai demorar?
- Vai, passarinho.
- Que bom, Elisinha! Então a gente pode continuar sendo amiguinhos, né?
- Claro! 
- Para toda a vida?
- Para toda a nossa vida, passarinho!

Texto de Luiza Válio.

O QUE TEM DENTRO DO BULE?



Tem um gatinho dengoso,
bonzinho e até bonitinho 
que só quer ter um amigo.
De noite, juro que fico
quieto e bem comportado
até o dia chegar.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

CONHEÇA OS AUTORES DA MÚSICA "PASTORINHAS"















Tudo o que existe no mundo tem uma história.
Até uma composição musical.
Que coisa!
Segundo Dárcio Fragoso, duas pessoas fizeram esta marchinha que se chamou "PASTORINHAS": Noel Rosa e João de Barro, João de Barro - na foto, com o violão -  era conhecido como Braguinha.
E a hi
stória foi assim:
No ano de 1934, o 
Braguinha 
propôs ao amigo: 
- "Noel, vamos fazer uma música com aquele ritmo das pastorinhas que desfilam em Vila Izabel na noite de Santos Reis?" 
- "Vamos", respondeu Noel.
Em menos de uma hora, estava composta a música à qual deram o nome de "Linda Pequena".
Não fizeram sucesso com ela, mas Braguinha sabia que era boa e então alterou algumas palavras, como por exemplo, usando "pastorinhas" e não moreninhas; "pastora" ao invés de "pequena"; o verso "pequena que tens a cor morena" foi trocado por "morena da cor de Madalena" e até o título foi mudado para "Pastorinhas".
Um grande cantor da época chamado Sílvio Caldas gravou a música no final do ano de 1937 e foi o maior sucesso no carnaval de 1938 e até hoje.
Faz parte do cancioneiro popular brasileiro.

VEJA QUE BONITINHA FICOU NA GRAVAÇÃO DE IVAN LINS


Cante junto: Pastorinhas

A estrela d'alva no céu desponta
E a lua anda tonta com tamanho esplendor
E as pastorinhas pra consolo da lua
Vão cantando na rua lindos versos de amor

Linda pastora morena da cor de madalena
Tu não tens pena de mim 
Que vivo tonto com o teu olhar
Linda criança tu não me sais da lembrança
Meu coração não se cansa 
De sempre sempre te amar


CRIANÇA TAMBÉM SOFRE!




Será porque o tênis que ele deixou no quintal para secar foi furtado e ele não pode ir à praia em excursão com os coleguinhas da escola?
Será porque a vovó está doentinha?
Será porque foi abandonado e se perdeu?
Será porque ninguém gosta dele?
Será porque nunca foi um menino rico?
Nada disso!
Lilico está chorando porque o Nero, seu cachorrinho, machucou a pata. E ele sofre só de pensar que o companheirinho está com alguma dor.
- "Não chore, Lilico!"- pede a mãe. - "O Nero já foi medicado!".

Texto de Luiza Válio.


HOJE É FERIADO

Cãozinho limpador de tela



Meu pai é vigilante e por isso foi trabalhar. 
Como minha mãe é telefonista e a empresa dela está fechada, então hoje, amanhã e depois de amanhã estaremos juntas. 
Vou ajudá-la a limpar a casa e a fazer o almoço, porque ela anda meio estressada: daqui a sete meses vou ganhar um irmãozinho.
O tempo passa rapidinho, né?


quarta-feira, 29 de abril de 2015

"AMOR DE MÃE"






- "O nenê dormiu?
Então vou descansar",
diz a mamãe feliz a sorrir.

- "E quando ele acordar,
de novo meus braços
abertos vão estar 
para um longo abraço".

Alguém conhece amor maior do que o da mamãe?

Luiza Válio.

O LIVRINHO DO AMADEU


Quando Amadeu era pequeno sonhava em ser um grande escritor para criar histórias de fadas e duendes e oferecê-las, principalmente, às crianças doentes.
Mas a ideia não surgiu de repente. Foi de tanto insistir nas leituras, tão logo aprendeu o abecedário.
Amadeu era capaz de ficar horas e horas sozinho em casa, enquanto os pais saíam para o trabalho. 
Fazendo o que?
Lendo! 
Lendo e aprendendo. 
Lendo e conhecendo. 
Lendo e divertindo-se.
Até que um dia resolveu fazer diferente: deixou de lado os livros, pegou bastante papel sulfite, um lápis bem apontadinho, uma borracha leve e branquinha, sentou-se à escrivaninha do pai na biblioteca, tendo o cuidado de colocar uma almofada para deixá-lo mais alto, e começou a ouvir seus próprios pensamentos.
É, sim, nossos pensamentos falam com a gente! Amadeu ouviu!
"Era uma vez..."
Não, não! Lá se foi papel pro lixo!
"Maria tinha uma gatinha chamada Mariana..."
Não, não! E outro chumaço de papel pro lixo!
"Pedro e Marininha foram passear num sítio muito bonito..."
Não, não!
Mas desta vez Amadeu não jogou o papel na lata de lixo. Pôs-se a desenhar como seria aquele sítio: haveria um rio bem caudaloso, uma casa pobre mas aconchegante, uns coqueiros querendo alcançar o céu, cavalos e vacas pastando, um cercado cheio de galináceos e uma cegonha que acabava de pousar.
Cegonha?
E lá começou o menino a contar a história de sua vida, desde a primeira lembrança, a primeira pisada no chão da sala com tapete de veludo, o primeiro tombo, até chegou a inventar umas coisas...
E Amadeu foi tecendo a cada dia um pedaço do livro e desenhando as gravuras representativas das suas memórias. 
Foi aí que entendeu que as pessoas precisam aprender a transcrever seus pensamentos, mas se algumas não conseguirem, pelo menos que elas possam ter a capacidade de ler histórias parecidas com as suas, escritas por outras pessoas assim como Amadeu. 
Quem diria que aquele menino tinha apenas oito anos de idade quando publicou seu primeiro livro?
Iguais a ele deve existir muitos por aí. 
Ainda bem!

Luiza Válio.